quarta-feira, 20 de julho de 2011

Que o “in” nos mova

Fazendo coro à mais querida feminista gaúcha, Enid Backes e homenageando a sua sabedoria de 80 anos muito vivos, quero colaborar com a sua fixação no prefixo “in” como aquele caracteriza a postura de nós mulheres (e até alguns homens) que não aceitam os padrões de desigualdade da sociedade atual, sejam eles de classe, de gênero, de raça, de sexualidade ou de idade. Coloco-me como uma indignada, insatisfeita e indisposta a continuar parada no ar enquanto assisto às mortes, ao cárcere privado e vidas perdidas, à insegurança das mulheres e das meninas, e  a quase impunidade que causa “in” negativo, a indiferença da sociedade.

Me escreve por email outra das mais queridas feministas, a baiana Lícia Peres, que se trai pelo título da mensagem: “barbaridade”. Quem vive no Rio Grande sabe o que significa quando se usa este termo por aqui, é o mesmo que “o fim da picada” em outros lugares ou no linguajar culto “inaceitável”, “desumano”. Me fala Lícia sobre o cárcere privado a que foi submetida uma mulher dos 8 aos 28 anos, por um homem de 75 aqui no estado. Menina que foi vendida ao senhor de 55 em troca de alguma coisa, que só não foi um celular e uma vaca, como ocorreu há cerca de seis anos, porque não havia celular na época. Mas foi por bem pouquinho. A família se livrou da menina de 8 e o homem pode usufruir da sua infância, adolescência, juventude, anos que só receberam este nome por uma formalidade, porque vida sem liberdade é o mesmo que morte. Morte de gente viva, morte na vida, vida na morte.

Diz a história contada pelos jornais que há algum tempo, ao saber de há muito que o pai a mantinha em cárcere, uma filha dele exigiu que ao menos se casasse, afinal que imoralidade é esta de viver com alguém com quem não se casou? Ou seja, “estupra, mas não mata” como diria o indecente Maluf há alguns anos atrás, uma vez mais o in em nossa vida, mas o in do mal. Não estrou preocupada aqui com o binarismo, com a discussão filosófica do bem e do mal, estou enxergando que vivemos numa sociedade que faz de conta que está tudo bem, porque, pergunto, haverá modo de devolver vinte anos de vida à jovem que viveu trancada numa casa, sob muros altos e da qual só saiu para assinar papel no cartório que em definitivo passou sua posse ao homem que a violou desde os 8 anos de idade?

A entrada deste cartório na história me faz dialogar com outra cientista política e sábia, a terceira da minha lista, Carole Pateman, que ao escrever “O Contrato Sexual” identifica a maneira de tornar propriedade aquilo que é posse, e colocar no contrato social que funda a sociedade moderna um anexo (oculto), aquele que vem com os vírus da internet. Você clica nele achando que é do bem e manda de volta a chave para entrar nos seus dados bancários, na sua vida privada. Aliás, isto está na moda, News of the World (sempre acho que é word) que o diga com suas palavrinhas em inglês. Isso dá certo, dá dinheiro, dá fama, e colabora na missão de mostrar ao mundo (agora entendi o trocadilho) que ninguém está a salvo.

No Brasil sabemos disto já faz tempo, viver e ter saúde física, psíquica, sexual, se você for mulher e pobre ou uma menina, é missão quase impossível. Para lembrar, relaciono a Elisa Samudio, que passou a se relacionar com o jogador famoso e... a cabeleireira que avisou que ia morrer e morreu por omissão do estado no Rio de Janeiro e... a jovem encontrada atirada há um mês numa valeta em São Paulo,  pelos que lhe haviam feito um aborto medieval num país de leis medievais quando se trata do corpo e da sexualidade das mulheres e... a jovem que é libertada 20 anos depois...enfim, lembro que de 1998 e 2008, 41.968 mil mulheres foram assassinadas no país, o equivalente a 4,2 vítimas para cada 100 mil habitantes.

Enid querida, teríamos que usar todos os ins para responder a isto, agregar os “ir”, de irracionalidade, os “im”, de impossibilidade de continuarmos lendo todos os dias as notícias que nos indignam mas que não comovem mais. É como morte materna, que antes ainda comovia mas não movia pedra, hoje, sequer comove, pois morrem “apenas 2 mil por ano”.
Você diz também, Enid, que assim como os dinossauros, que tinham três dedos (nunca chequei isto, mas você é uma sábia) sempre há três saídas para as coisas e que a terceira você já esquece, e com todo o direito. Proponho então que nós, que ainda conseguimos citar três ou mais, façamos um exercício com base nos “in”, convertendo-os em desafios à sociedade e aos governantes. O primeiro deles, é que todos nos indignemos com a violação de direitos humanos das mulheres de todas as idades, sociedade, estado, tudo junto incluído. Não é possível que se considerem humanos os direitos com as mulheres excluídas deles. O segundo, é que nos indiquemos para fazer alguma coisa. Sair do lugar, pegar um telefone, ir às ruas, protestar, denunciar, xingar, mandar um artigo para um jornal,  sair da indiferença que mata e da omissão que viola. O terceiro, não esquecerei, é de lembrar aos governantes de todos os calibres que são eleitos e pagos para que cumpram seus compromissos assumidos em campanhas e em juramentos quando assumem cargos, funções e mandatos, sob o risco de se tornarem incompatíveis com a ética proposta pelos direitos humanos.

Telia Negrão, jornalista, cientista política, da turma das “ins” Enid e  Licia.

 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mulheres do Forum Municipal da Mulher de Porto Alegre

Estamos nos reunindo todas as segundas a partir das 17h30, para a preparação da Conferência Municipal da Mulher
Venha dar sua contribuição. Abaixo, anotações da última reunião. Abraços, Coordenação do Forum Municipal da Mulher


REGISTROS DA ÚLTIMA REUNIÃO DO FORUM

Aos 11 dias do mês de julho de 2011, às 17 h 30 min, reuniram-se, na sala de do COMDIM, as representantes do Forum Municipal da Mulher de Porto Alegre, conforme assinaturas do livro de presenças. A coordenadora do FMM, inicialmente, comentou sobre o andamento do Projeto do Centro Municipal de Referência para Mulher de Porto Alegre - RS, expressando a preocupação e propondo que este tema seja orientador dos debates na conferência.
A seguir, foi discutido o trabalho que a Comissão de Comunicação está desempenhando  desde a escolha da arte até a confecção de camisetas, dos folders, dos crachás, das 2(duas) faixas para pôr na mesas e da decoração para o evento . Foram feitas sugestões para que a arte seja mais colorida, bem como a impressão de mosquitinhos, com informações mínimas, sobre a V Conferência Municipal de Políticas para Mulheres de Porto Alegre que se realizará nos dias 19 e 20 de Agosto de 2011, em Porto Alegre–RS. Falou, ainda, que a primeira ação desta Comissão  foi a criação do Blog - do FMM “ http://forummunicipaldamulherpoa.blogspot.com/"
A coorenação do Fórum solicitou que cada uma das Comissões faça um plano de ação. Sugeriu que a  Coordenação da Mulher  supervisione a Comissão de infraestrutura, e que no dia da conferência o Forum destacará algumas pessoas para apoiar esta ativividade, de forma a auxiliar no cadastramento, entrega de crachás, bolsas, etc.
As presentes na reunião debateram ainda sobre a divulgação, solicitando que a Prefeitura poste no seu site, em destaque,a realização da Conferencia, e inicie o envio de releases. Por sua vez o Forum fará sua parte. Foi proposto ainda que, para tornar publica a V Conferência, realizar um evento ém que o Prefeito  faça o lançamento da V Conferência Municipal de Políticas Públicas para as mulheres, nos moldes da Conferência Estadual. Foi decidido que é reciso ocupar os espaços públicos, inclusive um horário na Tribuna Popular, na Câmara de Vereadores, para divulgar a V Conferência e a realização de debates prévios. 
A Comissão de Mobilização tem a responsabilidade de traçar seu plano de ação, para  promover a  participação das pessoas na Conferência, não apenas em quantidade, mas também em qualidade, motivando-as para que elas se sintam envolvidas, empoderadas e comprometidas com a causa da mulher. Esta comissão deve listar as necessidades, onde ir, como trazer possíveis participantes com dificuldades de deslocamento, contatar empresas de ônibus para o deslocamento das mulheres, nos 2 (dois) dias da Conferência ou somente no sábado, fica a indagação. De posse dos materiais, visitar os fóruns regionais, os movimentos , podendo ser via  FASC, via Unidades de Saúde. Solicitar à Secretaria da SME, o Brincalhão e monitores ou uma equipe de educador popular, para recreação das crianças no segundo dia do evento.A Comissão de Relatoria deve montar uma metodologia para a elaboração do relatório final das propostas aprovadas na V Conferência da Mulher de Porto Alegre. Ficou combinado que na próxima reunião deverão ser construidas as ementa das temáticas que deverão orientar os grupos temáticos da conferência. A reuniao ficou marcada para dia 18, às 17 h 30 min,  os grupos  reúnam-se no mesmo local, na Rua Siqueira Campos, nº 1300, 2º andar ou na Coordenação, no 6º andar e elaborem uma ementa sobre cada um dos temas, com no máximo 200(duzentas) palavras. Para tal, foi sugerido o Kit elaborado por Moema Viezzer, que estão disponíveis na sede do Coletivo Feminino Plural.. Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a presente reunião e lavrada a presente ata. Porto Alegre, 11 de julho de 2011, Elizabeth V. Silva Secretária do Fórum.   

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Convite

Estamos convidando todas as filiad@s do Fórum Municipal da Mulher para participar das atividades que a Campanha Ponto Final esta programando para este mês.

OFICINA CAMPO DA TUCA

· Dia 5 de julho, às 15h: Visita à Oficina de Geração de Renda do Galpão de Reciclagem do Campo da Tuca, que conta com a parceria da Campanha Ponto Final.
· Local: Galpão de Reciclagem do Campo da Tuca – Rua D, 360. Partenon.

PALESTRA MINISTRA SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

· Dia 8 de julho, às 9hh30: Palestra “Enfrentamento à violência contra as mulheres: avanços e desafios”
· Local: Assembléia Legislativa do RS – Praça Marechal Deodoro, 101. Centro.

REUNIÃO ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DO MORRO DA CRUZ

· Dia 09 de julho, às 15h: Reunião da Associação Comunitária do Morro da Cruz que terá como pauta a violência contra as mulheres e meninas.
· Local: Associação Comunitária do Morro da Cruz – Travessa 25 de julho, 1589. Partenon.

OFICINA MORRO DA POLÍCIA

· Dia 16 de julho, às 15h: Visita à Oficina da Campanha Ponto Final, que conta com o apoio da AMUE e ACOVISM.
· Local: ACOVISM – Associação Comunitária Vila São Miguel – Rua João Morales, 41. Partenon.

OFICINA SÃO JOSÉ

· Dia 21 de julho, às 19h: Visita ao grupo de mulheres da Comunidade Terreira Ilê Axé Iyemonja Omi Olodô que conta com o apoio da Campanha Ponto Final
· Local: Comunidade Terreira Ilê Axé Iyemonja Omi Olodô – Rua Nunes Costa, 1137. Partenon.

Informações:

Campanha Ponto Final na Violência contra as Mulheres e Meninas
Avenida Salgado Filho, 28/601. Centro. Porto Alegre/RS. Fone/Fax: 3212 49 98
E-mail: campanhapontofinal@gmail.com. Site: www.campanhapontofinal.com.br